Bem... vamos lá.
Esta é uma história de Comandos em Ação (Gijoe) e também do fim da minha infância.
Quando os Comandos em ação foram lançados no Brasil pela Estrela, o comercial de TV funcionava
como um tipo de choque elétrico na garotada.
As propagandas eram bem "apelonas" e mostravam os bonequinhos em cenários e histórias que despertavam
o interesse de qualquer menino, rico ou pobre.
Não posso dizer que eu colecionava Comandos em ação quando foram lançados, pois, durante mais de 1 ano eu tive apenas 2 bonequinhos..
o Arma Pesada - Gladion (que na verdade é o Rock n'Roll) e o Invasor (que na verdade foi a primeira versão do Snake Eyes), mais tarde foi chamado de Cobra Invasor no Br.
E eu brincava....... nossa como eu brinquei com aqueles bonecos. O Arma Pesada era um Falcon Loiro encolhido. Eu tinha uns 4 Falcons e uns 3 veículos... mas foram aposentados com a
chegada desses Comandos em ação.
O tempo foi passando e infelizmente muitas coissa estavam mudando em minha vida naqueles dias.
Meu pai começava a passar por alguns problemas de saúde e também no trabalho... e eu era tão novinho que nada podia fazer para ajudar, a não ser entender que não podia ganhar aqueles bonequinhos maravilhosos
mas tão caros na época. Minha salvação eram os Gibis..... gibi era barato e meus pais sempre me davam... eu amava tanto as histórias (principalmente as da Marvel) que até me esquecia dos brinquedos.
Mas aí chegaram outros comerciais de TV... mais agressivos... mais elaborados.... mostravam a Scarlett, uns Cobras com roupas azuis... tava ficando complicado.
Mas eu ia levando como dava. No decorrer daquele ano as coisas melhoraram um pouco, eu pedi de aniversário e ganhei a Scarlett, O Triton/Cabeça de Ponte (Gen. Stalker), Raio Laser e também o Cobra Oficial.
Imagine alguém feliz!
Daí em diante eu fui aprendendo a negociar ... trocava "hominhos", as vezes ganhava... as vezes perdia... já tinha uns 9 Comandos em ação e estava quase com 11 anos de idade...
Aí veio o que nenhum menino esperava..... aquela coleção que tinha o Lança Chamas, Flecha Veloz, Cobra de Aço... Cão Bravio, SOS, PATRULEIRO DA SELVA, Mergulhador Submarino etc... que eram mais detalhados e tinham uma articulação a mais nos braços.
Até então... quase um mocinho no fim de seus 10 anos de idade, as propagandas de TV já não me afetavam tanto como afetavam antes.
Foi assim até que um certo dia, indo para o catecismo, um amigo desde a época do Jardim da Infância me disse que ele e seu irmão caçula tinham ganhado o "índio" e o Cão Bravio da mãe deles.
Após o catecismo fui na casa deles ver os dois bonecos mais o Tanque lança foguetes que eles haviam ganhado. Tudo estava bem até que peguei na mão para ver o Flecha Veloz, com todos aqueles acessórios e o Cão Bravio.
Imaginem alguém com inveja!
Aquilo foi para mim uma granada... não.... foi pior..... muito pior........... foi missil que atingiu direto no meu cérebro semi adolescente, fazendo me esquecer que estava quase indo para a quinta série na escola..
O ano de 1986 foi marcante para mim... mudei de casa 2 vezes, estava indo mal na escola e fique de recuperação pela primeira vez, pois me mudei para longe e sentia falta dos colegas e com isso ficava muito distraído.
Mas consegui me recuperar e passei de ano com nota A, mantendo minha reputação de bom aluno.
Sem eu saber, meus pais tinham anotado todas as minhas súplicas do decorrer do ano e em outubro já tinham começado a comprar alguns comandos em ação para mim, mas deixavam guardados pois a intenção
era dar tudo de uma vez no Natal.
Quase infartei do dia 24/12/1986 ao ganhar o Caminhão tático Anfíbio e quase todos os comandos daquela nova Wave. Foi demais ... nunca me esquecerei. Foi carinho puro pois eu sabia que eles não podiam comprar e hoje eu entendo o esforço que foi.
Para mim o melhor natal.
A Coleção avançou mais um pouco (sim, agora eu podia chamar de coleção) e lembro que logo no primeiro quartil de 1987 eu ganhei inexperadamente coisas que eu queria, mas só esperava ganhar no fim do ano.
Foram elas, 1 videogame Supergame CCE (Compatível com Atari - Um sonho realizado) e Um Jetcóptero dos Comandos em ação.
Todo esse materialismo, combinado com novas amizades que fiz, fizeram daquela época tempos realmente felizes.
Então de repente... uma coisa terrível ocorreu. Perdi meu pai....... e aí foi realmente difícil, para mim, meus irmãos e minha mãe, que continuou sozinha a luta, mas com a coragem e otimismo que tem se saiu muito bem graças a Deus.
Foi um golpe muito difícil e demorou para superarmos... mas no fim das contas, entre tropeços, erros e acertos, deu tudo certo e hoje em dia, depois de ter superado
o grande desafio tão cedo, pouca coisa nos intimida.
Agora na quinta série e com 11 nos, o menino começava a tentar se portar da maneira mais parecida possível com um adulto... mas era uma crianças apenas.
Eu continuei colecionando os Comandos (que a partir de então sabíamos que eram os Gijoes pois o desenho passava na Globo aos domingos).
Fiquei bom de negociações. Geralmente eu me sacrificava em trocar lindas figuras novas/lançamentos por 2 ou 3 figuras antigas, menos bonitas porém mais difíceis de achar.
Aceitava até itens repetidos e depois trocava esses itens repetidos com outros meninos pelas figuras novas das quais eu havia me desfeito, só que muitas vezes fazia trocas 1 por 1 e saia no lucro.
Como eu já não ganhava mais presentes como quando eu tinha meu pai, essa era maneira que eu achava para tentar completar a coleção.
E era uma disputa entre os colegas para ver quem completava primeiro.
Fui trocando aqui e ali, me desfazendo de luvas de goleiro, chuteiras, tudo p/ trocar por comandos.
Até que só me faltava 1. O Frente de Batalha, esse carinha aqui ó:

Um primo meu me disse que um garoto que morava perto da casa dele tinha o boneco, mas me disse que o garoto era chato e bundão... e que nunca trocava nada... e que o pai dele era super protetor e não deixava os colegas chegarem perto para trocar nada ou mesmo brincar com ele.
Bom... eu queria mesmo completar a minha coleção (Entenda por completar como:Ter todos os bonecos lançados até aquele dia. verículos não contavam)
Minha tática foi oferecer as figuras novas mais bonitas (e fáceis de achar) pelo Frente de Batalha, que é um bonequinho feinho hehehehe mas de grande valor para quem coleciona.
Ofereci então o Mercenário (Não lembro o nome dele em inglês):

E o garoto aceitou na hora!!
Minha felicidade! Chegar na vila onde eu morava e mostrar meu troféu para os amigos, o Frente de Batalha.
E assim eu me tornei o primeiro dos meus amigos a completar uma coleção de Comandos em Ação.
Mas fui também o primeiro a me desfazer de tudo...
Depois de um ano e meio eu troquei tudo por uma grande coleção de gibis.. da qual TAMBÉM me desfiz também logo após ingressar no serviço militar anos mais tarde.. sobrando para mim apenas as obrigações, alegrias, frustrações e desafios da vida de adulto...
até o dia em que eu comecei a colecionar tudo novamente com 30 anos... e espero que possamos viver felizes para sempre
The End.