Bom, pessoal, antes de mais nada, estou surpreso. Sinceramente, eu achei que poucas pessoas visitariam o meu tópico ou fariam comentários com relação às miniaturas de D&D. Eu imaginei que praticamente todos conheciam RPG e miniaturas de D&D, mas não achava que chamaria muito a atenção, já que este é um Fórum de colecionadores de figuras de ação e estátuas, e não de colecionadores de miniaturas. Fiz essas fotos com as minhas miniaturas porque acho que devo isso a eles... hehehe... pois tenho muito carinho por esses pequeninos.
Assim, fiquei muito feliz por ter aparecido tanta gente e com tantos comentários, tanto que faço questão de falar sobre cada comentário.
A propósito, já vi que o Ace Barros entende do riscado, e é da velha guarda do RPG... hehehe... Também não recrimino o Daniel Marvel por não conhecer o RPG de mesa, já que ele, muito infelizmente, caiu em desuso e nem conheço ninguém que joga atualmente.
Mesmo assim, vou complementar as informações que o Ace deu para o Daniel (entre os quais o excelente link para o site da Jambô). Nos anos 70, estavam em evidência os chamados “war games”, jogos que usavam miniaturas para exércitos medievais se enfrentarem. Dois sujeitos, Dave Arneson e Gary Gigax, eram entusiastas desses jogos, e em uma partida entre esses exércitos, um deles usou uma pequena equipe de personagens para se infiltrar no castelo do inimigo, e vencê-lo. A partir daí, Arneson e Gigax imaginaram um jogo em que em vez do jogador controlar um exército, ele controlaria um único personagem e, junto com outros jogadores, formaria uma equipe, para enfrentar monstros e desafios, adentrando masmorras e lugares sombrios. Esses monstros e desafios seriam controlados por um outro jogador, que conduziria o jogo e seria denominado “Dungeon Master”. Para completar, os dois gostavam da obra de J.R.R. Tolkien (em uma época em que nem se falava em filmes de O Senhor dos Anéis). Surgia aí a semente que daria origem ao RPG Dungeons & Dragons, criado pelos nossos amigos Arneson e Gigax, em 1974.
O jogo foi um grande sucesso nos EUA. Chegou até a fazer ponta em filmes (no início do filme “E.T., o Extraterrestre”, as crianças estão jogando RPG), e deu origem a um dos desenhos animados mais queridos e cultuados no Brasil: “Caverna do Dragão” (cujo nome original, em inglês, é exatamente “Dungeons & Dragons”). O conceito é idêntico ao do jogo: um grupo de garotos assume o papel de personagens e, conduzidos pelo mestre do jogo (o Mestre dos Magos, que em inglês é o “Dungeon Master”), encara várias aventuras em uma terra de fantasia medieval. A influência de Tolkien é evidente: os halflings de D&D são idênticos aos hobbits, quando aparece um mago no jogo, geralmente ele é barbudo e usa chapéu pontudo e cajado (Gandalf?), há orcs, goblins, lobos gigantes e trolls entre os monstros, e uma das aventuras clássicas de D&D é entrar em uma masmorra ou caverna e encarar um dragão no final (enredo de "O Hobbit").
No Brasil, o jogo chegou nos anos 80, através de brasileiros que iam estudar nos EUA, conheciam o jogo, e o traziam para cá. Surgia aí também a chamada “geração Xerox”: como os livros eram raríssimos de encontrar aqui no Brasil (não havia lojas virtuais... hehehe...), a galera tirava xerox adoidado dos livros, dos suplementos e das fichas de personagens.
Aí, foram surgindo nos EUA e chegando também por aqui diversos outros jogos de RPG, que não só tinham como cenário a fantasia medieval, mas ficção científica, terror, e os mais variados cenários. Surgiram por aqui o GURPS, Vampiro, Lobisomem, Shadowrun, Aventuras Fantásticas e muitos outros. Até os filmes entraram na onda, tanto que surgiram jogos de RPG de Star Wars, Indiana Jones, Star Trek, Highlander, e vários outros (infelizmente, jamais traduzidos para o português). Aqui no Brasil, editoras criaram seus próprios jogos, inclusive um genuinamente brasileiro: “O Desafio dos Bandeirantes”, em que os jogadores interpretavam personagens como bandeirantes, rastreadores indígenas, jesuítas, bruxos e sacerdotes negros em um Brasil Colonial fictício, povoado por monstros do folclore nacional, como o Mapinguari, Curupira, Boitatá, entre outros. Eu tenho esse jogo até hoje, e é sensacional.
Enquanto isso, ao longos dos anos 70, 80 e 90, o Dungeons & Dragons foi evoluindo. Foram lançados muitos livros de cenários, compêndios de monstros, guias de mundos, etc, etc... Uma infinidade de livros (sério... acho que nenhum RPGista é capaz de dizer quanto material de D&D já foi lançado). E o D&D foi se transformando... virou Advanced Dungeons & Dragons, ganhou uma segunda edição do AD&D. A empresa fabricante, a TSR, foi comprada pela Wizards of the Coast (fabricante do card game "Magic"). Então veio uma terceira edição, depois uma edição 3.5, e finalmente a atual 4ª edição. No Brasil, o RPG virou mania durante os anos 90, quando a Editora Devir começou a traduzir para o português, uma série de jogos, como GURPS, Vampiro, Lobisomem, e o próprio AD&D (que foi trazido pela Editora Abril em 1995 e depois passou para a Devir). Os card games, como o "Magic: The Gathering", viraram uma febre. Antes disso, por volta de 1993, a Grow havia trazido o Dungeons & Dragons para o Brasil, em uma caixa:


Quanto a mim, comecei a jogar RPG em 1994, quando alguns amigos me apresentaram o Dungeons & Dragons. Cheguei a jogar outros jogos de tabuleiro com o mesmo tema, quando comprei o Hero Quest e o Dragon Quest (que tenho até hoje). De 1995 em diante, eu mesmo comprei um D&D e comecei a jogar com meus primos. Também joguei Desafio dos Bandeirantes, Invasão, entre outros jogos. Inclusive, também tenho todos esses até hoje. Talvez na esperança de encontrar quem ainda queira jogar, ou ensinar os meus filhos a jogar RPG. De vez em quando me vejo lendo o Livro dos Monstros... ou os livros do mundo de Forgotten Realms (um dos cenários do D&D)... Apesar do RPG já ter sofrido muitos preconceitos e perseguições absurdas, posso assegurar que é um jogo que ajuda na sociabilidade e estimula a estratégia e inteligência. Não há nada igual.
O RPG começou a decair, creio, pelo avanço da internet, e até do MMORPG. O mundo ficou mais corrido também, se tornando mais difícil as pessoas terem tempo para jogar. E ficou mais fácil jogar com outras pessoas pelo computador, afinal, você podia jogar com pessoas do mundo todo, sem problemas, enquanto no RPG de mesa, você tem que se reunir pessoalmente na casa de um dos jogadores, ou em algum clube. Os jogos de computador como Warcraft, são chamados de RPG porque neles, você também faz o papel de um personagem criado por você.
Sem querer ser saudosista, mas já sendo, nada substitui o RPG em termos de diversão e interação com outras pessoas. Todo mundo que já teve o privilégio de jogar um RPG de mesa, sabe do que eu estou falando. As situações inusitadas (E haviam muitas! Dava para escrever um livro só com isso!), as aventuras incríveis, monstros terríveis, e até as pausas para os jogadores pedirem uma pizza... hehehe... tudo fica na mente da gente. Eu costumava jogar nas tardes e noites de sábado, na minha casa. Às vezes, a galera estava tão empolgada quando a aventura era boa, que a gente varava a madrugada jogando. (Passar a noite de sábado jogando RPG, ao invés de estar na balada é algo profundamente nerd, mas é ótimo!) Até hoje lembro de aventuras que joguei há mais de dez anos!
Quanto às miniaturas, elas sempre foram usadas em jogos de RPG, mas nunca foram obrigatórias. Até meados dos anos 90, elas eram metálicas, de chumbo. Como o chumbo é um metal tóxico, foram surgindo outros materiais, até o plástico atual, mais leve, resistente, durável e saudável. A Wizards (fabricante do D&D) criou sabiamente as miniaturas para serem usadas tanto no RPG, quanto como um jogo de tabuleiro, ou apenas para colecionar, o que atinge um público maior.
Bom, chega de papo sobre RPG (embora eu adore falar sobre o assunto e ficaria horas falando ou escrevendo sobre isso, e vamos aos comentários da galera):
Lukita escreveu:Fenomenal!
Saudades de jogar RPG em qualquer variação! Tenho dezenas e dezenas de material do D&D ainda, mas o tempo acabou com a chance de ter um grupo regular bacana pra jogar!
Parabéns pelos dragões! Brutos demais!!!
Lukita, obrigado pelos comentários. Como eu disse acima, também tenho muita coisa de RPG (principalmente D&D e Star Wars RPG), e também gostaria de ter um grupo legal para jogar.
menezes800 escreveu:Muito legal cara!
Quando eu vejo Dragōes, jah lembro do Game of Thrones.
Parabéns pela coleçao!
Quem vem aqui em casa também diz isso, Menezes! Tenho certeza que, se fosse há alguns anos, já existiria RPG de Game of Thrones (Se bem que o jogo de tabuleiro existe, e é anterior à serie de TV).
Obrigado, bigbadbear! O curioso é que foi justamente o Blue Dragon a minha primeira miniatura! Eu comprei ele na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. Na época, eu já tinha ouvido falar das miniaturas de D&D, mas nunca tinha me interessado muito. Mas depois do Blue Dragon... você viu o efeito aí nas fotos... hehehe...
EKLUG escreveu:Muito bom, acho muito legal esses jogos de RPG que envolvem miniaturas, tenho algumas de Mage Knight.
Obrigado, EKLUG! Também tenho algumas miniaturas de Mage Knight, que comprei antes das de D&D. A mecânica de funcionamento do Mage Knight era bem prática, girando a base das figuras para marcar os danos (como acontece com os Hero Clix Marvel e DC) Mas depois deixei os Mage Knight de lado porque me identifiquei mais com as miniaturas de D&D, por causa do RPG.
bzorio escreveu:As miniaturas estão muito bem esculpidas e o dragão vermelho é gigrande! Não fosse a foto com o 1/6 ao lado nem daria pra ter noção do tamanho.
Realmente, o vermelho é enorme, bzorio! Comprei ele no site da Amazon, e não fui taxado! Acho que porque como ele estava na seção de RPG, que fica na seção de livros, a Amazon deve ter enviado como “livro”. E como os livros têm imunidade tributária... nada foi cobrado.
E, de fato, coloquei ele ao lado do Jack Sparrow para permitir uma visualização melhor, já que muita gente nunca viu pessoalmente esse dragão.
Oz_ escreveu:SENSACIONAL sua coleção, Luiz!!!
Adorei em especial as heroínas e vilãs Bishoujos e os dragões entre as figuras de jogos!!!
PERFEITOS!!! Parabéns pela coleção!!!
Abração,
Oz
Obrigado, Oz! O que acho legal nesses dragões, como eu disse, é que eles são peças do próprio jogo, mas também podem ser decorativos! Hehehe...
Oi, Ace! Na verdade, meus marcadores de RPG sempre foram de papel, que usei dos jogos D&D da Grow, e do Dragon Quest. Quando comecei com as miniaturas de D&D, em 2007, eu já não jogava mais RPG, infelizmente (Não por falta de vontade, mas por falta de tempo, de um grupo de jogadores...).
E, de fato, eles ficam muito bem guardados. Um dia, quero ver se ensino aos meus filhos esses jogos tão legais que nos divertiam tanto antigamente!
Oi, Daniel! Mais uma vez, obrigado pela visita ao tópico. Bom, o Ace já explicou muita coisa (e eu também, mais aí acima, mas acho que podemos resumir assim:
RPG: é um jogo de interpretação de papéis em que cada jogador interpreta um personagem. E esses personagens enfrentarão desafios e aventuras comandados por um outro jogador, que conta a história e propõe os desafios: o Mestre do Jogo. Não há vencedores e perdedores: os jogadores atuam em conjunto para vencer os desafios propostos pelo mestre e concluir a aventura. O jogo também não tem um final específico: é como uma série de TV, em que cada partida é uma aventura, até vir a próxima partida, geralmente com os mesmos personagens (essas partidas seguidas, com os mesmos personagens, são conhecidas como “campanhas”). O RPG pode ter vários temas: fantasia medieval, terror, ficção científica, entre outros. Geralmente, para se jogar, bastam o livro de regras, os dados, lápis e papel (não precisa necessariamente de tabuleiro, mas ele pode ser usado para complementar as aventuras, junto com miniaturas).
MMORPG: Como já explicado pelo Ace Barros, é um jogo de computador online, em que centenas, ou milhares (quem sabe milhões) de pessoas jogam, cada um com um personagem, interagindo uns com os outros, como ocorre no Warcraft, Starcraft, entre outros.
Jogo de tabuleiro: é qualquer jogo (que pode envolver sorte, estratégia, ou os dois) em que dois ou mais participantes jogam, uns contra os outros, para alcançar um objetivo específico, e o jogo geralmente se passa sobre um tabuleiro de jogo. Existem infinidades de exemplos, desde as damas e o xadrez, até Banco Imobiliário e War. Às vezes se confunde com RPG porque há jogos de tabuleiro com tema de fantasia medieval, e outros que parecem muito um RPG por ter personagens para cada jogador, e um mestre de jogo, como o caso do Hero Quest.
Daniel, sei que é pouco provável que você tenha a chance de jogar o RPG de mesa clássico, nem tanto pelo material (hoje, ao contrário daquela época, você encontra praticamente todos os livros para download, inclusive em português), mas porque você vai ter que se dispor a ler as regras e, o mais difícil: encontrar um grupo, pelo menos umas 3 ou 4 pessoas, dispostas a jogar. E para jogar RPG, é preciso de tempo livre (pelo menos uma tarde, em um final de semana, por exemplo), coisa rara no mundo corrido de hoje.
Figura de ação é como salgadinho de festa de aniversário: no início, você diz que vai pegar um só.