por Lobão em 17 Jan 2019, 15:02
Assistir nesse FDS com a patroa e o pivete mais velho.
Putz que filme. A narrativa está perfeita. O relato cíclico "vamos começar do começo" alem de situar td mundo sobre as origens, ficou enxuto, orgânico e bem aplicado no ritmo do filme. Nem vou falar da animação em si que é um espetáculo tanto no traço, como na caracterização clara de cada personagem, movimento de câmera, onomatopeias e quadros de texto sendo um charme e na dose certa, coisa que fracassou vergonhosamente no Hulk do Ang Lee. Adorei que em varias cenas, alguns frames ficavam como traço dos quadrinhos. O detalhe de usar estilos de animação diferentes para cada versão do Aranha ficou bom demais e com proposito.
Toda a parte de introdução do Miles Moraes ficou incrível. Impossível não se afeiçoar ao personagem. Condução excelente da rotina familiar, convivência na comunidade e escola internato. Interação do personagem com os demais membros de sua rotina, mostra muito eficientemente seus impactos e importância. Isso é fundamental para termos e criarmos uma ligação emocional com o personagem sem forçação de barra ou dramalhões.
A maneira de como ganhou os poderes e foi aprendendo a usar ficou ótima. O cara demorou muito pra aprender e ainda precisou de uns toques dos veteranos pra desenrolar muita coisa. Sempre acho abusar de supressão de crença quando um personagem recebe poderes e em pouco tempo já tem as manhas usa-los e peitar geral. O maior exemplo que lembro é o Rhodes em IM2 que, assim que rouba a Mark II, enfrenta de imediato o Tony, que teve toda a construção da curva de aprendizado bem dizer durante o filme inteiro anterior...
A trama está toda amarradinha e sem nada a falar sobre desconexão ou furos significativos sobre a proposta. Eu, que tenho certa birra com versão derivadas de personagens, ou esquadrões de mesmos poderes, acabei concordando que ficou muito bom mesmo dentro da proposta de multiverso. Mas o que me encantou foi tanto a simpatia do Miles como personagem, quanto a condução primorosa da rotina ordinária dele para uma Fantasiosa, até o gatuno ter se tornado uma ameaça ao qual eu tive medo mesmo foi surpreendente. A relação com o pai dele ficou ótima, natural e complexa mesmo que em pouco tempo, mas ela meio que é o condão emocional da trama. Pra mim, que estou criando dois meninos, e o mais velho com 7 anos já entrando na fase de me questionar, meio que me tocou. Demonstrou muito genuinamente tanto a dificuldade de uma pai em ser chato as vezes e um amor entre eles sem forçar a barra e sem breguisses.
A criação do Miles nos quadrinhos é um exemplo de como deve ser feita a inclusão de diversidade e representatividade nas mídias. Não foi mudando o gênero, raça, credo, orientação sexual de um personagem já estabelecido para atender demandas. Foi simplesmente criando um novo personagem de maneiro orgânica. E a comunidade Nerd abraçou tanto ele, quanto a Kamala Khan e a Carol Denvers justamente por ser orgânico o processo. E o bacana do filme é que abordou essa diversidade de maneira natural, sem discursos, bandeiras ou lições de moral. Apenas mostrou a rotina, desafios e o chamado para a ventura de maneira brilhante.
Sempre gosto de imaginar qual a mensagem que cada filme tenta passar para o publico. Qual lição podemos aprender. Assistindo o review do Gabriel Gaspar, no "acabou de Acabar", ele traduziu muito bem, que é sobre como encaramos nossos problemas de maneira tão fechada e egocêntrica que nem sempre percebemos que nada é novo, outras pessoas tiveram, tem ou terão os mesmos problemas. Alguns superam, outros se adequam e outros simplesmente travam. Sempre achamos que são únicos, mas nada é novo. Como diria a música "Eu continuo poque a chuva não cai só sobre mim..."
De negativo, por questões de gosto pessoal mesmo, não gosto de quase nada do universo Ultimate, (aranha, X-Men, Quarteto...tirando e o próprio Miles e os Supremos que não precisa nem comentar o quão fodasticos são). Então as versões do Rei do crime, Escorpião e ...PQP...Duende verde (como eu odeio essa pegada monstro meio diabo) não são do meu agrado pessoal. Mas no filme funciona bem. Por questões de gosto mesmo Vejo o Aranha mais adequado em aventuras pequenas e mais contidas, quase como de bairro. Mesmo estando no cânone dos quadrinhos muitas aventuras de destruição global, pais espiões secretos, viagens no tempo ou multiversos e até pactos demoníacos... sempre acho que o Aranha, como personagem fica meio forçado. Pra mim ele é um heroi mais urbano e com alguns toques de fantasioso ou sci-fi em aventuras solo. Pra mim soa tão estranho quanto o Batman enfrentado o Drácula...sei lá...
Vale uns pequenos pontos: A participação do Stan Lee foi emotiva pra mim, não necessariamente a primeira, mas a frase nos créditos eu falei alto no cinema "Não, não faz isso..." e enchi meus olhos de lagrimas...
o outro foi ver meu filho sair do cinema dizendo que o Homem aranha que ele assistiu, de todos os filmes e desenhos que já viu, o que ele mais gostou foi o Miles Moraes. Parece bobagem mas mostra meio que esse lance de representatividade e diversidade não é uma questão tão clara assim. Somos caucasianos na minha família. Meus heróis de infância (dentre outros) eram Jaspion e Changeman (orientais) e mesmo assim me identificava. O herói que meu filho mais gosta é o Pantera Negro (africano) e agora o Miles e ele se identifica. Não estou afirmando ou negando nada, mas o filme me fez pensar no que meu filho disse e como isso é mais complexo do que cada lado dessas questões pensa. Sem polemica minha sobre o assunto ok, apenas reflexões.
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Lobão em 17 Jan 2019, 16:05, num total de 1 vezes
Mais uma facada nas costas e consigo um faqueiro completo!!!